sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Os caminhos de fazer crescer gente

Sou mãe. É a única coisa permanente em minha inteira existência. Mas maternar é de complexidade ilimitada, pois além do mundo, ainda lidamos com nossas próprias expectativas e fantasmas. Pois bem. Cecília fará cinco anos e as perguntas que ouço são: ela já está aprendendo escrever? ela já está em alguma atividade extracurricular? Ela....? Eu não sei ao certo o que as pessoas esperam de uma criança, aos cinco anos, eu espero o seguinte: que ela brinque, cante e dance, que ela se sinta amada, que goste dos bichos, que se suje, que imagine histórias, isso a Cecília sempre fez. Eu não  tenho angústias em relação ao futuro dela. Ela é feliz e ela tem um tempo próprio para resolver as suas questões: saiu da fralda quando quis e nunca mais voltou, nem à noite. Saiu da minha cama quando quis, volta quando tem medo de dormir sozinha. Vai em uma escola em que eles brincam o dia todo. Eu já disse em outros escritos: ela não será presidenta (ou será), eu não tenho a pretensão de que ela cresça e cuide de mim um dia. Eu quero que ela cresça e seja feliz, resolvida, do mundo e livre. Ela não lê e não escreve, mas canta, dança, borda, faz colares. A escrita é uma das muitas formas de verbalizar o mundo. Ela tem tantas e tão maravilhosas que escrever, quando chegar o tempo dela, será mais uma. E é essa é uma das muitas coisas que aprendi com ela. Ela tem o tempo dela e não é igual ao meu. O mundo para ela não tem nenhuma das preocupações que tem para mim, é um grande quintal e é assim que tem que ser. Eu quero para ela a humanidade que vem da experiência, do vivido, do sentido e isso ocorre antes das palavras, aliás, ela só terá palavras se tiver o mundo.

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