sábado, 18 de janeiro de 2020

Desenhei miragem tolas

As palavras são de uma canção do Skank. As músicas da banda narraram acontecimentos durante toda a minha vida, em especial, a amorosa. E, no final do ano passado, o vocalista concedeu uma entrevista e disse: é o fim. Na correria, não tive tempo de pensar o que realmente aquilo significava, mas ao ouvir Fotos na Estante, enquanto procurava um livro na pequena livraria no centro de Santa Maria, pensei que a metáfora do fim também cabia a mim. Sem novas canções, o  amor (ou a ilusão que tenho sobre...) ficara atrelado ao um punhado de versos antigos e gastos na boca. Não haverá para ele nenhuma letra nova que o faça renascer e me faça identificar: "nossa, é isso que eu sinto. Sem o Skank tudo o que eu sentia e se encaixava - de quando em quando - naquela batidinha romântica, ou ainda, as definições que me foram dadas ("pois amores imperfeitos são as flores da estação") ficarão no passado que, por vez ou outra, será recuperado em alguma festa, encontro com os amigos, melhores canções dos anos tal. E só. Fiquei, então, aliviada.
Sempre achei os versos  "desenhei miragens tolas nas margens do seu deserto/e uma verdade impossível só pra ter você por perto" algo que representava o modo como amorosamente crio as versões de algumas pessoas em minha vida. Sempre achei que o Skank continuaria a cantar canções que continuariam a representar o caminho de  meus amores. Mas o Skank acabou e passado o atordoamento, fiquei feliz, pois as coisas inventadas, desenhadas, impossíveis, podem - assim como as músicas da banda - ficar no passado e aparecerem (melhor seria se não) só de quando em quando. Agora começo uma nova trilha sonora. Sem "memórias irreais do que nunca aconteceu."

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