domingo, 7 de junho de 2015

Das tardes de domingo

Das tardes de domingo


Antes – da pressa, dos prazos, da internet, da correria – os domingos eram o dia da preguiça. Acordava tarde, ajudava aqui e ali em casa, via a vida no quintal, voltava para preguiçar mais um pouco: arrumar uma bagunça no quarto, nada que exigisse grande esforço. Almoço, um pouco mais de preguiça, talvez um cochilo, ler alguma para a segunda e ir ao encontro. O complemento do verbo é sempre fundamental, pois nos anos que seguiram minha mudança para Campo Mourão, não faltaram  grandes camaradas: íamos ao parque do Lago quando ainda havia lá lanchonete e shows no fim da tarde. Quase sempre MBP. Foi ali que ouvi pela primeira vez Jardim da Fantasia: “Bem-te-vi, bem-te-vi e andava num jardim em flor....” do Paulinho Pedra Azul. A vida acontecia de outro modo, muito do que aprendi sobre militância, poesia e boa música está relacionado a esse período. Outro dia visitei o Parque do Lago e todo aquele espaço disponível e pouco utilizado é um desalento... E me lembrei disso hoje, pois a Cecília acordou cedo e feliz da vida por ser domingo. Ah o tempo que não quer ir mais devagar! Essa correria que faz com estejamos sempre a nos deparar com a saudade de um tempo ido e deseja-lo de volta. Ainda bem que as crianças estão aí a espalhar sabedoria, correria e bolhas de sabão nos domingos, colorindo tudo, nos mostrando que a saudade é sempre um lugar de sorrisos, de melodias conhecidas, de cheiros de gente amada, mas que o real é o lugar da poesia. Encontrar o domingo da vida é encontrar a história e nela tecer outros caminhos....

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